
Localizada entre a Represa Billings e uma área de proteção ambiental, a Ilha do Bororé é cercada por natureza. Tecnicamente, o bairro do Bororé é uma península, por ter acesso terrestre pelo bairro de Parelheiros. O acesso por água é feito pelas balsas que saem do Grajaú e da cidade de São Bernardo do Campo. O Bororé está à margem da cidade e tem características peculiares. A mais de duas horas do centro de São Paulo, Bororé é um lugar onde a vida move-se a um ritmo mais tranquilo. Os moradores do bairro são ensinados desde cedo a valorizar a história e a cultura do local. Protegida pela represa e pela extensa área de preservação ambiental, ainda mantém um estilo de vida rural e isso ajuda a preservar também seu patrimônio.
O almoço é temperado com ervas colhidas diretamente do jardim, o transporte é feito de bicicleta ou balsa e o dia só acaba depois de uma tarde de pesca. Os líderes locais, com o apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, desenvolvem ações para preservar e valorizar a comunidade.
Desde 2016, o Grupo de Mapografias Urbanas (GeMap) da FAU apoia iniciativas na Ilha do Bororé. Jovens e crianças da comunidade contribuem com o projeto, plantando mudas, a limpando a área e o monitorando espécies da fauna e flora local. O Naeb (Núcleo de Arte e Educação Ambiental do Bororé) é um projeto desenvolvido por arquitetos e geógrafos da USP e direcionado para a educação ambiental por meio da arte. Paralelamente, o GeMap está envolvido na revitalização e preservação da área de mata da Ilha, projeto que conta com a colaboração de jovens e crianças da comunidade.

O projeto “Bororé ao mundo” surgiu em 2017, com um trabalho de extensão universitária da USP, coordenado pelo professor Jorge Bassani, o projeto Mapografias de São Paulo, desenvolvido no Grupo de Estudos Mapografias Urbanas, GeMAP. O Mapografias já estava em atividade desde 2012 em outras regiões da cidade, sempre em um período de um ano de realização. Porém, na Ilha do Bororé ele se fixou.
O professor observa que os alunos se aproximam das comunidades mais carentes e descobrem que a troca de experiências e conhecimentos é benéfica para os dois lados. Bassani observa que existe um movimento crescente de maior consciência da USP em relação à realidade periférica. Nos últimos anos, os universitários têm uma maior variedade de origens e isso traz mais abertura a um diálogo com grupos sociais menos favorecidos.

É um projeto produzido em conjunto também com a E.E. Adrião Bernardes e a Casa Ecoativa e realizado pelos estudantes do Adrião e pelos moradores da comunidade.O projeto visa a construção de um centro de documentação vinculado à escola e aberto à consulta pública, materialmente e digitalmente. O objetivo desse centro é difundir o território e os modos de vida deste bairro, disponibilizando ao mundo o conhecimento sobre um lugar tão especial da cidade, com grande potencial para a agricultura urbana, o turismo e o lazer.
Para conhecer mais do trabalho e da ilha, acesse o website “Bororé ao Mundo”