Depoimentos nos encontros de Capacitação com profissionais

Já estão em andamento as capacitações profissionais relativas ao projeto Conviver e Aprender na Natureza em parceria com o Programa de Saúde do Adolescente do Estado de São Paulo, com as equipes das Casas do Adolescente de Heliópolis, Taboão, M´Boi Mirim e Pinheiros. Separamos nesta matéria, alguns depoimentos de experiências, sentimentos e percepções dos profissionais ao longo dos encontros.

Flávia, Enfermeira; compartilhou que descobriu o que era viver ao se mudar para a Bahia com sua avó.

“Após meus 10 anos, quando fui morar com a minha avó na Bahia, comecei a viver, a andar pela natureza, subir em árvores, no cajueiro, descobri o que era viver. Antes disso, minha mãe nos deixava trancadas em casa (porque precisava trabalhar) com apenas 1 palito de fósforo para esquentar a comida. Se o palito se apagasse, a gente comia a comida fria.”

Nesse encontro, ela moldou com a argila uma Moringa, pois era algo que tinha muito na casa da sua avó. Lembra do seu gosto por plantas e de uma jabuticabeira que vive em sua varanda. Costuma levar seu filho adolescente para extravasar energia no parque em contato com a natureza. Somente este ano, ela deu um celular para ele, a pedido da escola – para que ele se sentisse integrado com os outros alunos.

“Tudo que a mão toca se transforma”.

Paulo, Jardineiro; trouxe uma percepção poética.

Paulo nasceu na roça com auxílio de uma parteira, aos 7 meses de gestação. Por isso, brinca, dizendo detestar esperar, porque “tudo tem que ser no tempo dele”. Aprendeu com sua avó cuidar das plantas e seus significados. Paulo modelou uma cuia durante a troca de experiências guiada pelo contato com argila. 

Já Vitória, moradora do bairro do Tatuapé, em São Paulo, não teve muito contato com a Natureza. Mas lembrou do contato com barro quando brincava de casinha. Hoje em dia, em sua casa, existem muitos vasos com plantas que adora cuidar. Sempre pega dicas com o Daniel. Durante a atividade com a argila, fez uma cesta.

Renata morou até os 18 anos numa fazenda, por isso interagiu muito com o verde, terra e vários animais. Sempre teve acesso fácil à argila verde e à argila branca. E agora, aos 26 anos, durante o encontro de capacitação do projeto, ela criou uma cestinha com patinha e dois ovinhos.   

Fernanda, também moradora de São Paulo, costuma ter pouco contato com a Natureza, mas, nas férias vai sempre para Minas Gerias, na casa dos seus avós. Eles moram numa região de muito verde, terra e animais. Em casa, costuma brincar com peças de montar e encaixar, feitas de plástico colorido, com as crianças. Disse que a criança precisa ter mais contato com o mundo. Sua criação com a argila, foi uma poltrona.

Isabela é Técnica de Enfermagem e foi criada no meio da Natureza em Minas Gerais. Suas brincadeiras eram com os próprios elementos da natureza, inclusive argila e plantas. Lembrou que brincava na terra, jogando barro nos amigos na hora da queimada. A argila inspirou a modelagem do corpo de um moleque.

“Durante o exercício de sensibilização me senti transportada para a natureza, nem mesmo percebi o barulho da rua, pois o som do violão junto com o toque nos objetos naturais me levou longe.”

Disse um estudante de Biologia e Estagiário na Secretaria de Meio Ambiente de Taboão da Serra.

Gabriela, profissional na APAE, manifestou seu carinho pelo projeto. Disse que, cada vez mais, devemos nos mobilizar para fortalecer a rede sócio afetiva da região. Nos parabenizou pela iniciativa e pela coragem de propor um tema tão importante e ao mesmo tempo complexo. 

Observação: todos os nomes foram todos alterados visando preservar a identidade dos participantes.