Árvores Mães-Irmãs

Mês de maio foi mês das mães, mulheres, noivas. Mas durante todo ano podemos lembrar das árvores mais mãezonas do nosso Brasil!! A paineira e sumaúma… Não deixem de curtir a beleza e força delas quando encontrar uma em seu caminho! Agora, no começo do outono, elas estão na época de amadurecer seus frutos e dispersar sementes!

por Adriana Sandre

 

Adriana junto a base da grande sumaúma que habita o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, também conhecida como árvore do Tom Jobim.
Adriana junto a base da grande sumaúma que habita o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, também conhecida como árvore do Tom Jobim.

Esse artigo é dedicado a todas as mães queridas e amadas… tanto as humanas, quanto “das árvores”!

Estava pensando em como iniciar esse “diálogo” e minha mãe, sim minha mãezinha, veio ter comigo, me abraçou e rimos muito com as nossas brincadeiras de sempre, aliás todos nós temos com as nossas mães os nossos, e só nossos, afegos e afetos! Olhando para minha mãe, eu me lembrei de uma paineira esplendida residente das imediações do Parque Ibirapuera que ainda está com uma floração exuberante, abrindo um parêntese (infelizmente esse ano muitas das florações de paineira foram atípicas devido as fortes chuvas do inicio do ano, mas isso é assunto para outro artigo…).

Sim, essa bela paineira que esta sempre no meu caminho, me passa uma FORÇA sem igual, algo como uma energia de paz, amor e alento que toda a mãe nos passa! Quando contei essa história para Juliana ela me reportou que a paineira é considerada um símbolo materno pelas características de seu tronco que é “barrigudo”!!! Sendo que, nas árvores mais velhas, animais se abrigam na base do tronco dessa mãe!

A paineira é uma árvore nativa da Mata Atlântica pode ser encontrada nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e norte do Paraná, sua casca é rugosa e apresenta acúleos quando jovem (pequenos “espinhos”).

Durante sua floração é comum perder quase todas as suas folhas, nos presenteado com uma copa rosada lindíssima muito polinizadas por borboletas… Seus frutos, quando abertos dispersam no vento muitas sementes com o auxílio da paina (similar a um algodão). As painas eram utilizadas antigamente como enchimento de travesseiros, colchões e salva-vidas, podendo ser usada também como isolante acústico.

A paineira possui outras irmãs que podem ser encontradas Brasil afora, como a paineira-branca ou barrigura (C. glaziovii) que ocorre principalmente no Nordeste brasileiro e no Espírito Santo e a barrigura-de-espinho (C. ventricosa).

Não podemos esquecer também da sua irmã e “nossa tia” a magnífica sumaúma considerada uma das maiores árvores do mundo, a sumaúma tem raízes tabulares gigantescas que ressoam ao toque! A sumaúma esta presente nas florestas tropicais úmidas da América Tropical, na África Ocidental e no Sudeste da Ásia.

 

por Juliana Gatti

Haikai de Thelmo Mattos encontrado no site Casa do Poeta

Sumaúma, sumaúma,

Voam meus sonhos

Presos a suas plumas.

A sumaúma que conheci pessoalmente foi a mesma que a Adriana visitou no Jardim Botânico do Rio. Realmente uma árvore de proporções espetaculares, que tira nosso fôlego ao mesmo tempo que acolhe nossos corpos em sua base de raízes tabulares, as sapopemas.

Procurando na internet, encontrei no site de uma amiga, a Sandra Siciliano, um vídeo sobre o Chamado da Sumaúma que foi produzido em 2007 pelo ministério do meio ambiente, falando de um programa de preservação na Amazônia. O que mais chama atenção neste vídeo é a conexão deste chamado com o som extraído da árvore ao bater em suas raízes. Diz a lenda, que o curupira, protetor das florestas, assustava os homens que queriam derrubar árvores sem necessidade ou matar os animais, fazendo exatamente esta batida.

Das utilidades da sumaúma, podemos citar que sua madeira é utilizada em embarcações, sua paina para enchimento de salva vidas, colchões e travesseiros, das sementes é extraído um óleo comestível que tem uso na iluminação e fabricação de sabão.

Como em alguns artigos já publicados neste blog, muitos devem saber que as primeiras árvores que eu germinei foram paineiras, principalmente por isso, para mim, elas são grandes mães mesmo. Ensinaram-me a cuidar com amor de outra vida e compreender com mais paciência o tempo real.

Recentemente fiz algumas fotos dos frutos da paineira e suas painas voando e se desprendendo da copa… Acompanhada do Luciano, pudemos brincar e celebrar a beleza deste momento com toda a paina que se espalhava ao redor das lindas árvores na região e AlphaVille em São Paulo!

Este slideshow necessita de JavaScript.

FICHA TÉCNICA

Paineira-rosa, árvore-de-paine, bomba d’água, paina-de-seda, paineira-branca, samu’ u (Paraguai) e palo botella (Argentina)*

Nome científico: Ceiba speciosa (speciosa se refere à beleza das flores desta espécie)*)

Família: Bombacaceae (atualmente Malvaceae)

Ocorrência: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e norte do Paraná, típica da Mata Atlântica.

Porte: 15 a 30 m de altura

Floração: Dez/Abr

Maturação dos frutos: Ago/Set

Fonte Embrapa

Sumaúma, barriguda, kapok (inglês), ceiba (Colômbia), le faux-cotonnier (França), Pochote (México), Kankantri (Surinami),  Mapou (Haiti),

Nome científico: Ceiba pentandra

Família: Bombacaceae (atualmente Malvaceae)

Origem : Toda bacia Amazônica, em áreas inundadas ou pantanosas

Porte: até 50m de altura

Floração: Ago/Set

Maturação dos frutos: Out/Nov

2 respostas para “Árvores Mães-Irmãs”

  1. Juliana, fico feliz que meu haikai sobre a sumaúma tenha merecido citação neste belo blog ecológico. Att. Thelmo Mattos por “CASA DO POETA | Onde a Literatura visita a Poesia”.

Deixar mensagem para Juliana Gatti Pereira Cancelar resposta