Primeira Árvore do Ano – AMOREIRA

Passei meus primeiros momentos do ano muito próxima de uma amoreira. Ela estava tão bonita que não pude deixar de admirá-la!

Logo quando acordei hoje, veio uma vontade enorme de escrever sobre amoreiras e logo fui pesquisar informações nos meus livros. Lembro da minha infância quando passava horas incontáveis comendo as pequeninas frutinhas saborosas sob os três pés de amora que existiam no sítio do meu avô, quase sempre descalça. Tingia meus pés, boca e mãos, de roxo e vermelho como se fosse sangue… Morria de rir, brincando com a família ameaçando sujar a roupa com as mãos tingidas… Tenho ainda uma foto bem novinha, com cerca de 3 anos, que estou com minha melhor amiguinha – Paula – as duas com botas de galocha sentadas no chão da varanda, com as bocas, pés e mãos todos roxos de tanto comer amoras… Vou tentar achar essa foto e colocar aqui depois!

A amoreira (Morus sp.) é uma árvore muito especial, da família botânica Moraceae – a mesma do gênero Ficus – possui inúmeras propriedades terapêuticas relacionadas ao consumo de suas folhas e frutas, alguns deles: anti-inflamatória, anti-oxidante, calmante, cicatrizante, diurética, expectorante, hipoglicêmica, laxante e revigorante.

O nome Morus, do latim mora, quer dizer “demora” – possivelmente por sua brotação tardia, somente após o fim do inverno em países de clima frio. Eu pessoalmente, gosto de pensar no nome amora relacionado ao amor, especialmente na noite de ano novo, inspirando amor a todos nós que estávamos diante dela à meia-noite!

Árvores resistentes, germinam e crescem espontâneamente por ter suas sementes dispersas pelo vento e por pássaros. Também podem ser enraizadas a partir de estacas. É originária da China, pode atingir até 10m de altura, e as duas espécies mais conhecidas são a Morus nigra (amora-preta) e a Morus alba (amora-branca). Na maioria das vezes são árvores dióicas, produzindo flores de sexo masculino e feminino separados. Há também a amora vermelha (Morus rubra). É facilmente encontrada também nas ruas da cidade de São Paulo, e possivelmente em muitas cidades de todo o mundo. Na época de frutificação é muito comum encontrar pessoas saboreando seus doces frutos na rua… linda imagem!!!

A cultura do bicho-da-seda está diretamente relacionada a existência e disponibilidade de amoreiras – especialmente a variedade branca, pois são dos brotos de suas folhas que eles se alimentam. Os romanos acreditavam que a seda era um produto das folhas das amoreiras, pois não entendiam o que fazia o bicho-da-seda. Muito tempo depois de sua cultura ser introduzida em Constantinopla, o rei James I da Inglaterra queria que o país se tornasse independente na produção de seda e, erroneamente, plantou muitas mudas de amoreira-negra, inclusive nos terrenos onde hoje é o Palácio de Buckinghan, antes chamado Mulberry Garden.

Em outros idiomas amoreira escreve-se:

  • Alemão – maulbeerbaum
  • Espanhol – moral
  • Francês – murier
  • Inglês – mulberry tree
  • Italiano – gelso

As amoras eram muito apreciadas em Chipre e no Egito. Também nas festas romanas dedicadas a Minerva (deusa romana equivalente a Atena – deusa grega). A árvore está ligada a mitologia dos jovens Píramo e Tisbe, pois a cor dos frutos é relacionada com o sangue dos jovens apaixonados. As famílias inimigas não aprovavam a união, um dia decidiram fugir e marcaram o encontro sob uma amoreira. Tisbe chega primeiro ao local e encontra uma leoa com a boca ensaguentada da caça recente, com medo foge e perde seu véu que é rasgado pela leoa. Quando Píramo chega e vê o véu manchado e dilacerado, crê que sua amada morreu e atravessa seu peito com a espada. Tisbe então volta e vendo seu amor morto também se mata com a mesma espada. O sangue jorrado pela morte tinge os frutos de amora brancos, que depois deste acontecido passam a ser vermelhos.

Ah, só para confirmar melhor, existem diversas outras espécies que recebem o nome popular de amora. Uma das mais citadas, diferente da Morus sp. seria a Rubus sp. que é da família das framboesas e cultivada comercialmente para a produção do fruto.

18 respostas para “Primeira Árvore do Ano – AMOREIRA”

  1. Que beleza de blog, Juliana! Entrei nele por acaso, só por causa de uma dúvida a respeito da melhor época de se podar uma árvore (tenho uma amoreira linda que está precisando de uma boa poda!) e acabei dando com este seu texto simpático e informativo sobre as amoreiras e seu amor especial por elas. Também gostei muito dos links indicados por você. Continue o seu trabalho – bom, bonito, despretencioso e amigável. Beijos!

  2. Olá Juliana, tudo bem?
    Conheci seu trabalho (no Árvores de Sp e no Árvores Vivas) pesquisando para o meu blog. Primeira coisa foi colocá-los na minha lista de links. Os dois sites são muito muito bons, parabéns! Ainda não deu tempo de ler tudo (se é que vai dar, de tanta coisa que tem!), mas já aprendi demais e estou contagiada mais do que já era por essa atividade tão interessante que é observar, estudar e plantar árvores. Muito obrigada por disponibilizar tanto conteúdo interessante. Tenho feito mudas pra plantar pela cidade a partir de sementes que colho por aí, e tenho dado preferência a nativas que atraiam avifauna. Acho que tenho muito o que aprender lendo você.
    E gostaria de aproveitar para convidá-la a conhecer meu blog. Escrevo sobre ecologia, observação da natureza, horta caseira e dicas simples para um dia a dia mais sustentável, estimulando as pessoas a colocar a mão na massa e fazer seu dever de casa. Aliás, esse é o nome do blog, De Verde Casa. Sua visita seria uma honra! Se puder, apareça.
    O endereço é http://www.de-verde-casa.blogspot.com
    Um abraço e um ótimo 2010, muito verde e cheio de saúde.
    Juliana.
    http://www.de-verde-casa.blogspot.com

    • Olá Juliana, amiga cuidadora do verde! Que alegria saber que você me encontrou e que podemos estabelecer conexões ao menos virtuais… Agradeço de coração os elogios e por saber que o pouco que representa o trabalho desenvolvido no Blog do Árvores Vivas seja inspirador para algumas pessoas especiais para nossa cidade como você! Aproveito para lhe indicar o blog do Pedal Verde http://pedalverde.wordpress.com que é uma ação coletiva aberta a sociedade que começou ano passado e está cada vez mais forte… Quem sabe você não vem a participar conosco da próxima saída pelo verde!!!

      Grande Abraço e que 2010 seja realmente maravilhoso para todos nós!!!

    • Olá Izabelle, Ficamos felizes que o conteúdo lhe ajudou a saber mais sobre a amoreira!! Agora você pode apresentar melhor ela para tantas outras pessoas que ainda não conhecem muito sobre ela!! 😉

  3. tenho em meu sitio aqui em São Bento do Sul SC, uma pequena plantação de maulbeerbaum da espécie preta. gostaria de saber como e onde conseguir mudas da espécie branca.
    parabens pela reportagem.
    abraço.

  4. Adorei ! mas tenho uma pergunta: tenho uma amoreira no quintal da casa que talvez tenha uns quinze anos. ela estava coberta por erva de passarinho então mandei podar. Quando o jardineiro começou a cortar a erva estava em todos os galhos e muito enrolada, então ele quase a deixou sem folhas e ficaram apenas os galhos maiores, são muitos. hoje eu estava olhando para ela quando percebi poças úmidas em vários lugares ma terra e olhei para os galhos e eles estavam minando um liquido transparente , sem cheiro mas em grande quantidade. Queria saber se é normal e se não for o que fazer para que ela não morra ? estou triste e não sei o que fazer.

  5. Gostei muito da maneira apaixonanda que vc escreve. Há dois anos plantei uma muda de amoreira no meu quintal. Além de haver uma ligação com minha infancia ela protagonizou uma estória que vivi e escrevi e virou filme e percorreu varias capitais pelo mundo afora. Mas o que eu queria saber mesmo é qual a epoca certa pra poda-la e da importancia disso.

  6. Nossa. essa sua história me lembre muito a minha, de quando eramos pequenos e na horta do meu avô tinha dois pés de amora. Lembro como se fosse hj, nós crainças inocentes brincando embaixo delas e se lambuzando de seu delicioso sabor.
    Época muito marcante na minha vida… Obrigado por compartilhar sua simples, mas graciosas palavras!

    • Olá João, que bom que a lembrança dessa história trouxe memórias da sua linda história também. Realmente a natureza é parte importante da formação das pessoas que seremos. Por isso o Instituto Árvores Vivas tem como prioridade em suas atividades, programas e projetos estimular o contato das crianças com a natureza. Pois são essas as lembranças que ficam mais fortes em nosso coração, que nos ensinam mais sobre a vida, que nos trazem alegria, perspectiva, criatividade, que estimulam nossas capacidades. Que possamos juntos, com nossas lembranças de infância em contato com a natureza, criar chances reais de todas as crianças viverem essas experiências. Grande abraço!

  7. gostei muito de sua página, a amora faz parte de minha vida eu cresci comendo amora, o primeiro pé de amora de minha cidade foi meu pai quem planto bem na porta da nossa casa, passei minha infância vendo minha mãe fazer sucos e geleias da fruta, gostaria de fazer um pergunta, deve se podar a amoreira? e em que més deve ser feito? na verdade foi duas perguntas rsrsrs! Obrigado e fique com Deus

    • Olá Renato como vai?
      Você pode podar a amoreira se achar necessário fazer uma limpeza de galhos secos, por exemplo, ou acertar o formato da copa em relação a uma construção se for o caso. Fora isso as podas não seriam realmente necessárias, muitas pessoas fazem podas para estimular a frutificação. Isso realmente acaba por funcionar, devido ao fato da poda ser uma ação agressiva, que impacta a vida da planta. Como a planta não sabe quanto ela está sofrendo e qual será a continuidade de sua vida, por isso quando as árvores sofrem algum tipo de poda, agressão de corte, ferimento de casca ou até mesmo mudanças drásticas de fatores climáticos, tudo isso pode ser um sinal de risco de perpetuação da sua espécie e assim as árvores florescem mais, para poder se reproduzir e gerar mais frutos e descendentes – suas sementes. Mas, todo esse stress e gasto energético para gerar novos descendentes, tem um custo, o tempo de vida e a capacidade reprodutiva da árvore vão diminuindo ao longo do tempo. Por isso recomendamos somente a poda de galhos secos e manutenção simples de porte e direcionamento. Agora, a melhor época seria sempre posterior a época de frutificação. Observe sua árvore, dependendo do local onde você está essa época de frutos pode mudar devido ao clima. Outra época interessante no mês depois da frutificação, seria a ocasião da lua minguante, pois a seiva terá uma concentração mais direcionada para as raízes, sendo menos impactante a remoção de galhos.

      Ficamos muito felizes em saber do seu amor pela amoreira e toda sua história e vínculo afetivo que envolve a sua família na vida desta árvore. Desejamos muita saúde para todos vocês!

      • Obrigado pela resposta, tirou todas as minhas duvidas, foi bom saber!

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