Selo de Cortiça em Portugal

selo cortiça

CTT – Correios de Portugal lançou dia 28 de Novembro de 2007 o primeiro selo de cortiça do mundo, na Assembléia da República, numa edição única de 230 mil exemplares – a autoria é do designer João Machado. Esta emissão filatélica, produzida num material incomum, destina-se a evocar o setor corticeiro, ramo em que Portugal é líder mundial.

O selo, com a imagem de um sobreiro, tem o valor facial de um euro. A edição está praticamente esgotada, estando afastada a possibilidade de uma segunda edição (a filatelia portuguesa é muito considerada pelo fato de nunca serem feitas segundas edições).

Produzir este selo de cortiça não foi fácil, uma vez que o material é especialmente fino, e teve que ser testado para aguentar a impressão, não se degradar rapidamente e ter no verso uma fita auto-adesiva. Cada exemplar é uma peça única, pelo próprio padrão natural da cortiça.

envelope


“A cortiça e os sobreiros, que lhe estão na origem, são verdadeiros símbolos nacionais. Portugal é hoje o líder mundial na produção, transformação e exportação da cortiça. Quaisquer que sejam os números evocados, Portugal aparece sempre como líder mundial no que diz respeito à produção corticeira. É no nosso país que se situa a maior área de sobreiros do planeta, com 737 mil hectares, correspondentes a 32,5% de toda a área plantada com estas árvores no mundo. As plantações de sobreiros, que adornam sobretudo a paisagem alentejana, representam 23% de toda a floresta nacional.

indústria da cortiça

Portugal produz mais de metade de toda a cortiça mundial, mais exatamente 54%. A quase totalidade desta produção, 90%, destina-se ao mercado externo. A importância econômica desta produção traduz-se nos 900 milhões de euros de produtos fabricados em cortiça exportados anualmente. O setor rolheiro tem a parte de leão nestes números: a ele se devem 75% das exportações. Por tudo isto se diz da cortiça que é uma das mais importantes embaixadoras de Portugal.

Ela leva o nome do país aos cinco continentes e até ao espaço e colocou Portugal na vanguarda do conhecimento e investigação em cortiça. Daí a responsabilidade portuguesa na proteção e promoção deste nobre produto da floresta mediterrânea.

sobreiro

A cortiça é a casca do sobreiro, um produto natural renovável, reciclável e bio degradável. A Quercus suber L., que a mãe natureza plantou essencialmente a sul de Portugal, dá corpo à identidade da paisagem alentejana. Lar de uma infindável variedade de espécies animais e vegetais, o montado de sobro, na sua multifuncionalidade, evita a desertificação do sul do país – região seca e de terrenos delgados – ao reduzir a erosão dos solos e ao contribuir de forma ímpar para a economia local. O montado e a cortiça que produz é, também, capaz de fixar o dióxido de carbono, o principal responsável pelo aquecimento global do planeta.

tirando cortiça

sobreiros sem casca

Preservado por reis e governantes, desde os primórdios da nação até aos dias de hoje, o sobreiro foi sempre protegido na legislação nacional. É nas cartas de D. Dinis, no século XIII, que surgem as primeiras referências ao sobreiro e à cortiça. Sendo a partir do século XIX que se inicia a exploração no montado como a conhecemos atualmente.

De aspecto rude, mas muito agradável ao tato, a cortiça possui características únicas: leve, impermeável a líquidos e a gases, compressível, elástica, um excelente isolante térmico, acústico e vibrático, e resistente ao atrito. Capaz de servir para os mais variados fins, desde a construção à indústria automóvel e aeronáutica, é na rolha de cortiça que encontra o seu produto mais conhecido.

cortiça recém retirada

Por razões históricas ligadas à proximidade da produção do vinho do Porto, a indústria fixou-se, essencialmente, no Norte, mais especificamente no Distrito de Aveiro, região que, até aos nossos dias, é o centro mundial da transformação e comércio da cortiça.”

O ano de 2007 foi testemunha de outras emissões dos Correios de Portugal que aproveitou o selo, como “o maior multiplicador de arte do mundo”, para homenagear temas e figuras da cultura, da história e da etnografia nacionais.

bontânico

morfologia sobreiro

O sobreiro (Quercus suber), sobro ou sobreira é uma árvore da família do carvalho, Fagaceae*, cultivada no sul da Europa e a partir da qual se extrai a cortiça.É devido à cortiça que o sobreiro tem sido cultivado desde tempos remotos. A extração da cortiça não é (quando esperado o tempo correto e feita por especialistas) prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir nova camada de “casca” (súber) com idêntica espessura a cada 9 – 10 anos, período após o qual é submetida a novo descortiçamento. O sobreiro também fazia parte da vegetação natural da Península Ibérica, sendo espontâneo em muitos locais de Portugal e Espanha, onde constituía, antes da ação do Homem, frondosas florestas em associação com outras espécies, nomeadamente do gênero Quercus.

A finalidade da cortiça é a fabricação de isolantes térmicos e sonoros de aplicação variada, mas especialmente na produção de rolhas para engarrafamento de vinhos e outros líquidos.

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Mais informações em:

Blog A Sombra Verde (Portugal)

Wikipédia – Sobreiro

Associação Portuguesa de Cortiça

Associação de Industriais e Exportadores de Cortiça

Concurso de Design com Cortiça (DesignCork)

Para as crianças, uma história muito simpática “Em busca da cortiça perdida” – Texto e Ilustrações de Quim Ferreira – Correção Científica de Engº Luis Grilo

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*Fagaceae é uma família de plantas angiospermas (plantas com flor – divisão Magnoliophyta), pertencente à ordem Fagales.

O grupo das fagáceas inclui inúmeras espécies de árvores de médio a grande porte, com presença mais marcada nas zonas temperadas do Hemisfério Norte. O grupo não está representado nas zonas tropicais de África ou da América do Sul.

Alguns dos seus gêneros incluem os seguintes:

  • Castanea – 8 espécies de castanheiros
  • Castanopsis – 125-130 espécies, SE Ásia
  • Chrysolepis – 2 espécies, EUA
  • Fagus – 10 espécies de faias
  • Lithocarpus – 330-340 species, Ásia
  • Nothofagus – 35 espécies, zonas temperadas da América do Sul e Oceania
  • Quercus – ca. 500 espécies de carvalhos, sobreiros, azinheiras
  • Trigonobalanus – 3 espécies

13 respostas para “Selo de Cortiça em Portugal”

  1. Fiquei fascinada com a história da cortiça. Era ignorante nessa parte.
    Parabéns e boa sorte a todos os cultivadores dessa árvore maravilhosa!
    Um abraço,
    Marcia.

  2. Boa Tarde!meu nome é Aline moro em Sp -Brasil,gostaria de saber como eu faço pra utilizar as cortiças de vocês,pois preciso em grande quantidade,mas tem que ser cortiças cruas.

    grata desde já Aline

  3. […] maiores riquezas de Portugal ( pelo menos a nica rea onde somos os maiores e melhores do mundo: Portugal produz mais de metade de toda a cortia mundial, mais exatamente 54%. A quase totalidade de…). Estar bem aproveitada? E como conciliar cortia com a nossa realidade cada vez mais […]

    • Olá Dores… Agradecemos sua visita e comentário! Quando você conheceu o corticeiro? Realmente é uma sensação maravilhosa conhecer pessoalmente árvores que estão tão presentes no nosso dia-a-dia servindo as necessidades e criações humanas! O corticeiro encanta a todos com sua casca rugosa e ao mesmo tempo tão macia! Envie fotos do seu encontro para colocarmos na página de depoimentos!!

  4. Bom dia! Nós revestimento de cortiça intiresuet para acabamento de obras em edifícios! Que é aplicado por pulverização! Você sabe alguma coisa sobre este tipo de cobertura de cortiça? Com respeito a você – Paul!

  5. ENFIM O PLANETA É MARAVILHOSO! DEUS , EM SUA SABEDORIA CRIOU NOS QUATRO CANTOS DA TERRA , VERDADEIROS MILAGRES DE BELEZA…E ASSIM, A ARVORE DA CORTIÇA. David

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